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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Esquizofrenia.




A esquizofrenia (do grego σχιζοφρενία; σχίζειν, "dividir", e φρήν, "mente") é uma doença mental grave que se carateriza classicamente por uma colecção de sintomas, entre os quais avultam alterações do pensamento, alucinações (sobretudo auditivas), delírios e embotamento emocional com perda de contacto com a realidade, podendo causar um disfuncionamento social crônico.
É hoje encarada não como uma doença única mas sim como um grupo de
patologias, atingindo todas as classes sociais e grupos humanos.
A sua prevalência atinge 1% da população mundial, manifestando-se habitualmente entre os 15 e os 25 anos, nos
homens e nas mulheres, podendo igualmente ocorrer na infância ou na meia-idade.
Um exemplo de um esquizofrênico famoso é o matemático americano
John Forbes Nash, que fez importantes contribuições na área da economia, biologia e teoria dos jogos.

Sintomas:

A esquizofrenia é uma doença funcional do cérebro que se caracteriza essencialmente por uma fragmentação da estrutura básica dos processos de pensamento, acompanhada pela dificuldade em estabelecer a distinção entre experiências internas e externas. Embora primariamente uma doença que afeta os processos cognitivos [de conhecimento], os seus efeitos repercutem-se também no comportamento e nas emoções.
Os
sintomas da esquizofrenia não são os mesmos de indivíduo para indivíduo, podendo aparecer de forma insidiosa e gradual ou, pelo contrário, manifestar-se de forma explosiva e instantânea.
Estes podem ser divididos em duas grandes categorias: sintomas positivos e negativos.


Sintomas positivos:

Os sintomas positivos estão presentes com maior visibilidade na fase aguda da doença e são as perturbações mentais "muito fora" do normal, como que “acrescentadas” às funções psicológicas do indivíduo. Entende-se como sintomas positivos os delírios — ideias delirantes, pensamentos irreais, “ideias individuais do doente que não são partilhadas por um grande grupo”, por exemplo, um indivíduo que acha que está a ser perseguido pela polícia secreta, e acha que é o responsável pelas guerras do mundo; as alucinações, percepções irreais – ouvir, ver, saborear, cheirar ou sentir algo irreal, sendo mais frequente as alucinações auditivo-visuais; pensamento e discurso desorganizado, elaborar frases sem qualquer sentido ou inventar palavras; alterações do comportamento, ansiedade, impulsos, agressividade.

Sintomas negativos:

Os sintomas negativos são o resultado da perda ou diminuição das capacidades mentais, ”acompanham a evolução da doença e refletem um estado deficitário ao nível da motivação, das emoções, do discurso, do pensamento e das relações interpessoais”[2], como a falta de vontade ou de iniciativa; isolamento social; apatia; indiferença emocional; pobreza do pensamento.
Estes sinais não se manifestam todos no indivíduo esquizofrénico. Algumas pessoas vêem-se mais afetadas do que outras, podendo muitas vezes ser incompatível com uma vida normal. A doença pode aparecer e desaparecer em ciclos de recidivas e remissões.
“Não há, contudo, sinais nem sintomas patognomónicos da doença, podendo-se de alguma forma fazer referência a um quadro prodrómico que são em grande parte sintomas negativos, como por exemplo inversão do ciclo de sono, isolamento, perda de interesse por atividades anteriormente agradáveis, apatia, descuido com a higiene pessoal, ideias bizarras, comportamentos poucos habituais, dificuldades escolares e profissionais, entre outras. Posterior a esta fase inicial surgem os sintomas positivos”.
“Diz-se que os primeiros sinais e sintomas de esquizofrenia são insidiosos. O primeiro sintoma de sossego/calma e afastamento, visível num adolescente normalmente passa despercebido como tal, pois remete-se o facto para “é uma fase”. Pode inclusivamente ser um enfermeiro de saúde escolar ou um conselheiro a começar a notar estas mudanças. (…) É importante dizer-se que é muito fácil interpretar incorrectamente estes comportamentos, associando-os à idade.”


Causas

Sabe-se atualmente que não existe uma única causa, mas sim várias que concorrem entre si para o seu aparecimento, sendo muitas as teorias que surgiram para explicar esta doença:

Teoria genética:

A teoria genética admite que vários genes podem estar envolvidos, contribuindo juntamente com os fatores ambientais para o eclodir da doença. Sabe-se que a probabilidade de um indivíduo vir a sofrer de esquizofrenia aumenta se houver um caso desta doença na família. "No caso de um dos pais sofrer de esquizofrenia, a prevalência da doença nos descendentes diretos é de 12%. É o caso do esquizofrênico matemático norte-americano John Nash que divide com o filho, John Charles Martin, a mesma doença. Na situação em que ambos os pais se encontram atingidos pela doença, esse valor sobe para 40%". No entanto, mesmo na ausência de história familiar, a doença pode ainda ocorrer.”. Segundo Gottesman (1991), referenciado por Pedro Afonso (2002), sabe-se ainda que cerca de 81% dos doentes com esquizofrenia não têm qualquer familiar em primeiro grau atingido pela doença e cerca de 91% não têm sequer um familiar afetado.

Teoria neurobiológica:

As teorias neurobiológicas defendem que a esquizofrenia é essencialmente causada por alterações bioquímicas e estruturais do cérebro, em especial com uma disfunção dopaminérgica, embora alterações noutros neurotransmissores estejam também envolvidas. A maioria dos neurolépticos (antipsicóticos) actua precisamente nos receptores da dopamina no cérebro, reduzindo a produção endógena deste neurotransmissor. Exatamente por isso, alguns sintomas característicos da esquizofrenia podem ser desencadeados por fármacos que aumentam a actividade dopaminérgica (ex: anfetaminas). Esta teoria é parcialmente comprovada pelo fato de a maioria dos fármacos utilizados no tratamento da esquizofrenia (neurolépticos) atuarem através do bloqueio dos receptores (D2) da dopamina.

Teoria psicanalítica:

As teorias psicanalíticas (ou de relação precoce) têm como base a teoria freudiana da psicanálise, e remetem para a fase oral do desenvolvimento psicológico, na qual “a ausência de gratificação verbal ou da relação inicial entre mãe e bebê conduz igualmente as personalidades “frias” ou desinteressadas (ou indiferentes) no estabelecimento das relações”. A ausência de relações interpessoais satisfatórias estaria assim na origem da esquizofrenia.

Teoria familiar:

As teorias familiares, apesar de terem bastante interesse histórico, são as que menos fundamento cientifico têm. Surgiram na década de 1950, baseadas umas no tipo de comunicação entre os vários elementos das famílias e aparecendo outras mais ligadas às estruturas familiares. Dos estudos desenvolvidos surge o conceito «mãe esquizofrenogénica», mães possessivas e dominadoras com seus filhos, como gerador de personalidades esquizofrénicas. Estudos posteriores vieram contudo desconfirmar esta hipótese, relacionando aquele comportamento mais com etiologias neuróticas e não com a psicose.

Teoria dos neurotransmissores:

Têm-se um excesso de dopamina na via mesolímbica e falta dopamina na via mesocortical.
Apesar de existirem todas estas hipóteses para a explicação da origem da esquizofrenia, nenhuma delas individualmente consegue dar uma resposta satisfatória às muitas dúvidas que existem em torno das causas da doença, reforçando assim a ideia de uma provável etiologia multifactorial.


Tipos de esquizofrenia:

O diagnóstico da esquizofrenia, como sucede com a maior parte das doenças do foro psiquiátrico, não se pode efectuar através da análise de parâmetros fisiológicos ou bioquímicos, e resulta apenas da observação clínica cuidada das manifestações da doença ao longo do tempo. Aquando do diagnóstico, é importante que o médico exclua outras doenças ou condições que possam produzir sintomas psicóticos semelhantes (abuso de drogas, epilepsia, tumor cerebral, alterações metabólicas). O diagnóstico da esquizofrenia é por vezes difícil.
Para além do diagnóstico, é importante que o médico identifique qual é o subtipo de esquizofrenia em que o doente se encontra. Actualmente, segundo o
DSM IV, existem cinco tipos:
Paranóide, é a forma que mais facilmente é identificada com a doença, predominando os sintomas positivos. O quadro clínico é dominado por um
delírio paranóide relativamente bem organizado. Os doentes com esquizofrenia paranóide são desconfiados, reservados, podendo ter comportamentos agressivos.
Desorganizado, em que os sintomas afectivos e as alterações do pensamento são predominantes. As ideias delirantes, embora presentes, não são organizadas. Alguns doentes pode ocorrer uma irritabilidade marcada associada a comportamentos agressivos. Existe um contacto muito pobre com a realidade.
Catatónico, é caracterizada pelo predomínio de sintomas motores e por alterações da actividade, que podem ir desde um estado de
cansaço e acinético até à excitação.
Indiferenciado, apresenta habitualmente um desenvolvimento insidioso com um isolamento social marcado e uma diminuição no desempenho laboral e intelectual. Observa-se nestes doentes uma certa
apatia e indiferença relativamente ao mundo exterior.
Residual, nesta forma existe um predomínio de sintomas negativos, os doentes apresentam um isolamento social marcado por um embotamento afectivo e uma pobreza ao nível do conteúdo do pensamento.
Existe também a denominada
Esquizofrenia Hebefrênica, com incidência da adolescência, com o pior dos prognósticos em relação às demais variações da doença, e com grandes probabilidades de prejuízos cognitivos e sócio-comportamentais.
Estes subtipos não são estanques, podendo um doente em determinada altura da evolução da sua doença apresentar aspectos clínicos que se identificam com um tipo de esquizofrenia, e ao fim de algum tempo poder reunir critérios de outro subtipo.
Existem várias abordagens terapêuticas na intervenção ao doente esquizofrénico, que na maioria dos casos tem indicação de um tratamento interdisciplinar: o acompanhamento médico-medicamentoso, a
psicoterapia, a terapia ocupacional (individual ou em grupos), a intervenção familiar e a psicoeducação são os procedimentos indicados para estes doentes.
Apesar de não se conhecer a sua cura, o tratamento pode ajudar muito a tratar os sintomas, e a permitir que os doentes possam viver as suas vidas de forma satisfatória e produtiva. A experiência clínica indica que o melhor período para o tratamento da esquizofrenia é com o aparecimento dos primeiros sintomas. Se sintomatologia psicótica permanecer sem tratamento por longos períodos o prognóstico do tratamento é menos favorável. Assim é vital o reconhecimento precoce dos sinais da esquizofrenia para que se possa procurar uma ajuda rápida.


Diagnóstico e questões polêmicas:

A esquizofrenia como entidade de diagnóstico tem sido criticada como desprovida de validade científica ou confiabilidade e é parte de críticas mais amplas à validade dos diagnósticos psiquiátricos em geral. Uma alternativa sugere que os problemas com o diagnóstico seriam melhor atendidos como dimensões individuais ao longo das quais todos variam, de tal forma que haveria um espectro contínuo em vez de um corte de entre normal e doente. Esta abordagem parece coerente com a investigação sobre esquizotipia e de uma relativamente alta prevalência na experiência dos psicóticos e, muitas vezes, crenças delusionais não perturbadoras entre o público em geral.
Outra crítica é que falta coerência nas definições utilizadas para os critérios; é particularmente relevante para a avaliação das ilusões a desordem no pensamento. Mais recentemente, foi alegado que sintomas psicóticos não são uma boa base para a elaboração de um diagnóstico de esquizofrenia como "psicose é a 'febre' de doença mental - um grave mas inespecífico indicador".
Talvez por causa desses fatores, estudos examinando o diagnóstico de esquizofrenia geralmente têm mostrado relativamente baixas ou inconsistentes níveis de confiabilidade diagnóstica. Na maioria dos famosos estudos de
David Rosenhan em 1972 a ser publicados como saudáveis em lugares demente, demonstrou que o diagnóstico de esquizofrenia foi (pelo menos no momento) muitas vezes subjetivo e pouco fiáveis. Estudos mais recentes têm encontrado acordo entre quaisquer dois psiquiatras, quando o diagnóstico de esquizofrenia tende a atingir cerca de 65%, na melhor das hipóteses. Este, e os resultados de estudos anteriores de fiabilidade de diagnóstico (que normalmente relataram níveis ainda mais baixos de acordo), levaram alguns críticos a afirmar que o diagnóstico de esquizofrenia deve ser abandonado.
Em
2004, no Japão, o termo japonês para esquizofrenia foi alterado de Seishin-Bunretsu-Byo (doença da mente dividida) para Togo-shitcho-sho (desordem de integração). Em 2006, ativistas no Reino Unido, sob o estandarte de Campanha para a Abolição do Rótulo de Esquizofrenia, defenderam uma semelhante rejeição do diagnóstico de esquizofrenia e uma abordagem diferente para a compreensão e tratamento dos sintomas associados a ela neste momento.
Alternativamente, os outros proponentes apresentaram utilizando a presença de déficits neurocognitivas específicas para fazer um diagnóstico. Estes assumem a forma de uma redução ou de comprometimento em funções psicológicas básicas, como
memória, atenção, função executiva e resolver problemas. É este tipo de dificuldades, em vez de os sintomas psicóticos (que, em muitos casos, pode ser controlado por medicamentos antipsicóticos), que parece ser a causa da maioria dos deficiência na esquizofrenia. No entanto, este argumento é relativamente novo e é pouco provável que o método de diagnóstico de esquizofrenia vá mudar radicalmente no futuro próximo.
O diagnóstico de esquizofrenia foi usado para fins políticos em vez de terapêuticos, na
União Soviética mais uma sub-classificação de "esquizofrenia que progride lenta" foi criado. Particularmente no RSFSR (República Socialista Federativa Soviética da Rússia), este diagnóstico foi utilizado com a finalidade de silenciar os dissidentes políticos ou forçá-los a desistir de suas idéias através da utilização forçada de confinamento e tratamento. Em 2000, houve preocupações semelhantes quanto detenção e 'tratamento' de praticantes do movimento Falun Gong pelo governo chinês. Isso levou a Comissão da Associação Psiquiátrica Americana Sobre o Abuso de Psiquiatria e psiquiatras a aprovar uma resolução que inste a Associação Psiquiátrica Mundial a investigar a situação na China.

Esquizofrenia e inteligência:

O mesmo gene pode dar origem a uma inteligência fora do comum e a esquizofrenia, segundo um estudo conduzido por investigadores do Instituto Nacional para a Saúde Mental dos Estados Unidos, em Bethesda. Este gene, que os cientistas identificaram como DARPP-32, aumenta a capacidade de raciocínio e de processar informação e melhora o desempenho da memória. No entanto, uma investigação com 257 famílias com historial de esquizofrenia demonstrou que a presença do mesmo gene é bastante comum nas pessoas com a doença. Os cientistas suspeitam que a esquizofrenia possa ser um “efeito secundário” de ter uma inteligência acima da média e que resulta de uma dificuldade do cérebro em lidar com as capacidades “extras”. Isto explicaria por que tantos génios famosos foram também diagnosticados como esquizofrénicos. São exemplo o matemático John Nash, o escritor Jack Kerouac ou o pintor Van Gogh. Actualmente, estima-se que a esquizofrenia afecte um por cento da população mundial. A doença pode provocar alucinações e delírios mas, embora não tenha cura, existem tratamentos que podem ajudar os doentes a ter uma vida quase normal.

Um comentário:

Isabella Veloso disse...

Olá! Sou Isabella, moro no Ceará e sou psicóloga. Estou com um desafio: recentemente recebi um paciente com histórico de calazar curado na infância e hoje, 25 anos, tem uma série de comportamentos que levaram a família a conduzirem ele à clínica. Pesquisando sobre a interface da esquizofrenia com o calazar(que ainda não sei se há)achei seu blog. Gostei muito, embora não saiba seu nome ou profissão. Caso tenha mais material sobre o assunto, material que diga algo que a literatura clássica ainda tem resistência em dizer, te agradeço se enviar. rh_isa@yahoo.com.br. Grata pela atenção.