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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Idéias Pedagógicas que Orientaram a Escola Brasileira



Idéias Pedagógicas que Orientaram a Escola Brasileira
Nos anos 60, a escola brasileira, depois de passar pela Pedagogia Tradicional, que era totalmente centrada no professor, adotou a Pedagogia Renovada, concepção ligada à Escola Nova, que via o aluno como indivíduo ativo, livre e social.
Na década de 70, a orientação pedagógica para o país, inspirada nas teorias behavioristas da aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, provocou a proliferação do tecnicismo educacional. O aluno passou a ser visto como um indivíduo que reagia aos estímulos para corresponder às respostas esperadas.
Nos anos 80, educadores brasileiros propuseram a Pedagogia Libertadora, que teve sua origem nos movimentos de Educação Popular. Dela decorreu a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos, como reação à ditadura militar e ao desejo de estender a educação até as classes populares.
Ainda nos anos 80, foram divulgados no Brasil a psicologia genética e os estudos da psicogênese da escrita, que ajudaram os educadores a compreender os mecanismos pelos quais as crianças constroem o conhecimento.
Com base na psicologia genética e nos estudos da psicogênese da escrita, nos anos 90, tomou corpo a teoria
construtivista e a teoria sociointeracionista. São essas duas propostas que dão o suporte teórico aos PCNs, sem os equívocos gerados na década de 80, quando alguns educadores achavam que o aluno podia prescindir do professor, não devia ter limites, não precisava de mediação de ninguém no processo de aprendizagem.
(Pesquisa e texto de Guila Eitelberg Azevedo)
e o nome Vygotsky representa apenas uma referência distante em Educação, este livro pode lhe ser bastante útil. Nas 479 páginas de Vygotsky — Uma Síntese, os autores discutem as idéias de Lev Vygotsky (1896-1934), criador do interacionismo. Suas teorias se aproximam das do suíço Jean Piaget (1896-1980). Ambos consideravam crucial a participação do aluno no aprendizado, com uma diferença fundamental. O estudioso russo discordava quanto à maturação das funções psicológicas infantis. A abordagem piagetiana pressupõe que só é possível investigar o verdadeiro pensamento da criança desprezando os conhecimentos transmitidos a ela por adultos. Vygotsky argumenta que, se Piaget estivesse certo, seria possível afirmar que mesmo sem freqüentar qualquer sistema de ensino formal todo mundo atingiria as formas superiores de pensamento — o que, para ele, não acontece. Ao contrário, o conteúdo do pensamento (aprendizado) determina as operações mentais e vice-versa. Em seu interacionismo, descrito de forma abrangente nessa obra, aparece ainda o conceito da zona proximal ou potencial, "espaço" existente entre o que toda criança já sabe e o que é capaz de aprender com a colaboração de um facilitador do conhecimento, no caso, o professor. Outro ponto importante dos pressupostos vygotskyanos é que o educador tem a obrigação de ensinar seu aluno a pensar logicamente (e por si mesmo) desde cedo. Só assim o estudante poderá desenvolver a capacidade de assimilar os conhecimentos acumulados pela sociedade, capacidade que permanecerá com ele por toda a vida.
Interacionismo
Para
Vygotsky, as funções psicológicas superiores - que são características do ser humano - estão ancoradas, por um lado, nas características biológicas da espécie humana e, por outro, são desenvolvidas ao longo de sua história social. É o grupo social que fornece o material (signos e instrumentos) que possibilita o desenvolvimento das atividades psicológicas. Isso significa que se deve analisar o reflexo do mundo exterior no mundo interior dos indivíduos, a partir da interação destes com a realidade.
Ainda segundo Vygotsky, para que o indivíduo se constitua como pessoa, é fundamental que ele se insira num determinado ambiente cultural. As mudanças que ocorrem nele, ao longo de seu desenvolvimento, estão ligadas à interação dele com a cultura e a história da sociedade da qual faz parte. Por isso, e de acordo com os
conceitos desenvolvidos por Vygotsky, o aprendizado envolve sempre a interação com outros indivíduos e a interferência direta ou indireta deles.
Esse enfoque é
completamente diferente do enfoque de Piaget. Formado em Letras e em Psicologia, Vygotsky elegeu a linguagem como objeto de estudo. Para ele, a linguagem tinha papel fundamental na mediação entre as relações sociais e a aprendizagem. O objeto de estudo de Vygotsky era o desenvolvimento humano, a partir do processo histórico que o indivíduo estava vivendo.
(Pesquisa e texto de Guila Eitelberg Azevedo)


Dados Biográficos de Vygotsky
Lev Semyonovitch Vygotsky nasceu na Bielorrússia, em 5 de novembro de 1896 (mesmo ano de nascimento de Jean Piaget). Graduou-se em Direito pela Universidade de Moscou e, mais tarde, dedicou-se à pesquisa literária. Entre 1917 e 1923 atuou como professor e pesquisador no campo das artes, da literatura e da psicologia.
A partir de 1924, em Moscou, aprofundou suas investigações no campo da psicologia, encaminhando-se para a educação de deficientes. Entre 1925 e 1934, desenvolveu, com outros cientistas, estudos de psicologia nas áreas que contemplavam as anormalidades físicas e mentais. Depois de concluir outro curso, o de Medicina, foi convidado a dirigir o Departamento de Psicologia do Instituto Soviético de Medicina Experimental. Faleceu em 11 de junho de 1934.
Vygotsky viveu em plena efervescência da Revolução Comunista. O contexto político pelo qual passava a Rússia influenciou de forma decisiva seus estudos e os de seus colaboradores, principalmente Luria e Leontiev. Assim, o foco de suas preocupações foi o desenvolvimento do indivíduo e da espécie humana, como resultado de um processo sócio-histórico.

Principais Conceitos da Teoria Interacionista
Para entender a relação entre desenvolvimento e aprendizagem, do ponto de vista de Vygotsky, é preciso compreender o conceito de zona de desenvolvimento proximal.
Geralmente, a psicologia avalia aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha. Esse seria o desenvolvimento real do indivíduo, isto é, o nível que indica suas possibilidades de atuação independente. É a psicologia que se baseia em testes e escalas, que mede o produto final do processo, sem oferecer qualquer tipo de ajuda.
Do mesmo modo, a escola tende a valorizar apenas o produto final dos alunos, ou seja, valoriza o que sabem e não o processo que levou à aquisição do conhecimento. Por isso, ao dar uma tarefa ou uma prova, pede que o aluno não converse, não consulte, não interaja com ninguém.
Com esta atitude, perde-se a oportunidade de observar que muitas questões não respondidas, ou que apresentam respostas "erradas", se fossem realizadas com a mediação do professor, ou até de colegas com mais experiência, teriam tido respostas positivas.
Vygotsky apontou ainda outro nível de desenvolvimento, além do nível pessoal, que ele chamou de proximal ou potencial. De acordo com Vygotsky trata-se do nível em que alguém não consegue fazer determinada atividade sozinho, mas com a ajuda de outra pessoa é capaz de realizá-la. Isso significa que esse indivíduo não tem total autonomia, mas já tem elementos que possibilitam a realização da tarefa.
A partir desse conceito, chega-se a determinadas conclusões pedagógicas:
o processo é mais importante que o produto;
o professor desempenha o papel de mediador entre aluno e conhecimento, e não apenas o de mero transmissor de conhecimentos;
a aprendizagem não é um ato solitário, mas de interação com o outro;
a aprendizagem exige planejamento e constante reorganização por parte da escola;
a reorganização de experiências deve levar em conta quanto de colaboração o aluno ainda necessita para poder produzir determinadas atividades de forma independente;
o diálogo deve ser permanente, permeando o trabalho escolar;
a idéia de que a classe deve ser homogênea é abandonada.
(Pesquisa e texto de Guila Eitelberg Azevedo)
Piaget e Vygotsky
Há convergências e divergências entre o pensamento de Piaget e de Vygotsky.
As divergências mais gerais decorrem da diferença de foco dos estudos de cada pesquisador. O principal interesse de Piaget era estudar o desenvolvimento das estruturas lógicas, enquanto Vygotsky pretendia entender a relação do pensamento com a linguagem, e suas implicações no processo de desenvolvimento intelectual.
Enquanto sob a perspectiva piagetiana o conhecimento se dá a partir da ação do sujeito sobre a realidade, para Vygotsky, esse mesmo sujeito não só age sobre a realidade, mas interage com ela, construindo seus conhecimentos a partir das relações intra e interpessoais. É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que ele internaliza conhecimentos, papéis e funções sociais.
A grande divergência entre os dois estudiosos, no entanto, se dá na relação entre linguagem e pensamento. Para Vygotsky e seu colaborador Luria, a linguagem tem um papel definitivo na organização do raciocínio, pois age decisivamente sobre este, reestruturando diversas funções psicológicas, como a atenção, a memória, a formação de conceitos.
Enquanto para Piaget a aprendizagem depende do estágio de desenvolvimento atingido pelo sujeito, para Vygotsky a aprendizagem favorece o desenvolvimento das funções mentais.
Embora Vygotsky concorde que a aprendizagem ocorre muito antes da chegada da criança à escola, ele também atribui um valor significativo à aprendizagem escolar, que no seu dizer "produz algo fundamentalmente novo no desenvolvimento da criança".
Entretanto, apesar das diferenças entre a posição teórica dos dois cientistas, ambos enfatizam a necessidade de compreensão da gênese dos processos cognitivos. Além disso, eles, igualmente, não consideram os processos psicológicos como resultados estáticos que se expressam em medidas quantitativas, pois, tanto Piaget como Vygotsky, valorizam a interação do indivíduo com o ambiente e vêem o indivíduo como sujeito que atua no processo de seu próprio desenvolvimento.


Os Parâmetros Curriculares Nacionais
Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados levando-se em conta os fatores culturais, sociais e econômicos do Brasil. Os fundamentos teóricos dos Parâmetros são o
construtivismo e o interacionismo. Isso significa que os PCNs orientam o trabalho desenvolvido na escola brasileira tendo em vista o processo de construção do conhecimento por parte do aluno e o papel do professor como mediador entre o aluno e o conhecimento e entre o aluno e seus pares.
Parâmetro significa referência. Os Parâmetros Curriculares são exatamente isso: referências para subsidiar a revisão ou a elaboração dos currículos, nos estados e municípios. Levando em conta as modernas teorias de desenvolvimento da aprendizagem e a solicitação da sociedade e do mercado de trabalho em que o aluno deverá se inserir, o governo elaborou parâmetros abertos e flexíveis que permitem o diálogo com projetos já existentes e experiências bem-sucedidas, que possam adaptar-se às características regionais e à realidade de cada escola.
Os PCNs foram elaborados a partir da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e visam subsidiar técnicos e professores, particularmente os que se encontram mais isolados e com menos contato com a produção pedagógica atual.
A Lei de Diretrizes e Bases promulgada em 1996 determina, da seguinte forma, a composição dos níveis escolares:

Construtivismo
O construtivismo é uma teoria psicopedagógica que diz respeito ao modo como o indivíduo constrói o conhecimento. Essa construção se dá pela ação do sujeito sobre o objeto do conhecimento, mas é importante destacar que para essa ação ele traz suas experiências e seus conhecimentos prévios.
Os estudos sobre a Teoria Construtivista tem como base as pesquisas de
Jean Piaget, um biólogo com preocupações essencialmente epistemológicas, isto é, referentes à Teoria do Conhecimento. Entendendo que era impossível remontar aos primórdios da humanidade e compreender qual foi, de fato, o processo do desenvolvimento cognitivo desde o homem primitivo até os dias atuais, Piaget voltou-se para o desenvolvimento do indivíduo da espécie humana, do nascimento até a idade adulta.
Para explicar como o sujeito constrói conhecimentos, Piaget recorreu à psicologia como campo de pesquisa. Elaborou a
teoria psicogenética, na qual mostrou que a criança passa por mudanças qualitativas, denominadas estágios do desenvolvimento. Essas mudanças, descritas por Piaget, vão do estágio inicial de uma inteligência prática (estágio sensório-motor) até o pensamento formal, lógico-dedutivo, que tem início a partir da adolescência (estágio das operações formais).
Segundo Piaget, o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado desde o nascimento, nem como simples registro de percepções e informações. O conhecimento é conseqüência das ações e das interações do sujeito com o objeto de conhecimento, seja do mundo físico, seja do mundo da cultura. É uma construção que vai sendo elaborada desde a infância.


Teoria Psicogenética de Jean Piaget
Segundo Piaget, a construção do conhecimento ocorre quando o indivíduo age, física ou mentalmente, sobre os objetos, provocando o desequilíbrio do conhecimento adquirido anteriormente. Esse desequilíbrio deve ser resolvido por meio de um processo de assimilação e acomodação do novo conhecimento. Assim, o equilíbrio será restabelecido para, em seguida, sofrer outro desequilíbrio.
Assimilação - É o processo cognitivo de colocar novos conhecimentos em esquemas já existentes. É a incorporação de elementos do meio externo (conhecimentos, objetos) a um esquema ou estrutura do sujeito. Esse processo de captar o ambiente e de organizá-lo possibilita a ampliação dos esquemas já existentes.
Acomodação - É a modificação de um esquema ou de uma estrutura, em função das particularidades do conhecimento ou do objeto novo que será assimilado. O indivíduo poderá criar um novo esquema que absorva o novo conhecimento ou objeto, ou poderá adaptar um esquema existente para que o novo conhecimento possa ser incluído nele.
Equilibração - É o processo que se dá quando se passa de uma situação de menor equilíbrio (durante a assimilação) para uma situação de maior equilíbrio (durante a acomodação).
Para Piaget, no seu livro Problemas de Psicologia Genética, o ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar os resultados, mas é antes de tudo aprender a aprender; é aprender a desenvolver-se e aprender a continuar a se desenvolver, depois da escola.
Embora sua teria propicie respostas pedagógicas, Piaget nunca se preocupou em como fazer, como ensinar. Por isso, não se pode falar em método ou técnica piagetiana ou construtivista.
Piaget também não se dedicou à relação sujeito/sujeito, nem à interação mediada pelo outro, isto é, pela linguagem. Esse foi o enfoque desenvolvido por
Vygotsky, que estudou em profundidade a função social da linguagem.


Estágios do Desenvolvimento Segundo Piaget
Depois de observar muitas crianças, Piaget concluiu que o progresso delas passa por quatro estágios e que todas passam por eles na mesma ordem.
Estágio sensório-motor (até 2 anos) - Segundo Piaget, nessa fase do desenvolvimento, o campo da inteligência da criança aplica-se a situações e ações concretas. Trata-se do período em que há o desenvolvimento inicial das coordenações e relações de ordem entre ações. É também o período da diferenciação entre os objetos e o próprio corpo.
Estágio pré-operatório (dos 2 aos 6/7 anos) - É a fase em que as crianças reproduzem imagens mentais. Elas usam um pensamento intuitivo que se expressa numa linguagem comunicativa - mas egocêntrica -, porque o pensamento delas está centrado nelas mesmas.
Estágio operatório concreto (dos 6/7 aos 11/12 anos) - Nessa fase as crianças são capazes de aceitar o ponto de vista do outro, levando em conta mais de uma perspectiva. Podem representar transformações, assim como situações estáticas. Têm capacidade de classificação, agrupamento, reversibilidade e conseguem realizar atividades concretas, que não exigem abstração.
Estágio das operações formais (dos 11/12 até a vida adulta) - É a fase de transição para o modo adulto de pensar. É durante essa fase que se forma a capacidade de raciocinar sobre hipóteses e idéias abstratas. Nesse momento, a linguagem tem um papel fundamental, porque serve de suporte conceitual.

Pesquisa e texto de Guila Eitelberg Azevedo

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