BuscaPé, líder em comparação de preços na América Latina

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Caquexia no Câncer



Introdução

A caquexia é um sintoma comum nos pacientes oncológicos, associada inicialmente ao processo natural da doença ou, mais tardiamente, ao crescimento tumoral e presença de metástases. A síndrome clínica de caquexia do câncer inclui perda de peso, anorexia, atrofia muscular, desregulação imune e, algumas vezes, atrofia de órgãos, conforme observado em necropsias. Tais manifestações relacionam-se à existência do processo maligno e podem diminuir uma vez iniciado o tratamento. Sua etiologia é multifatorial, podendo resultar da liberação de citocinas pelo tumor, do aumento do consumo energético pelo tumor, dos efeitos colaterais da terapia anticâncer (náusea e vômitos relacionados ao tratamento) ou da incapacidade de se alimentar ou digerir o alimento devido a anormalidades físicas (obstrução GI) ou dificuldades emocionais (depressão).

Doenças Relacionadas à desordem metabólica

O paciente caquético pode apresentar uma maior susceptibilidade a processos infecciosos, complicações pós-operatórias, diminuição da tolerância ao tratamento oncológico, anemias e, ainda, sonolências. Devido à perda de massa muscular, aumenta a probabilidade de surgimentos de úlceras de decúbito, edema de membros inferiores e uma intensa palidez.

Alterações metabólicas observadas:

Metabolismo dos Carboidratos
A célula cancerosa utiliza preferencialmente a glicose como substrato energético, 10 a 50 vezes mais em relação às células normais, o que indica que a presença do tumor aumenta o consumo de glicose. Seria esperado, então, que os níveis plasmáticos de glicose diminuíssem, mas isso não ocorre, pois, há um aumento na gliconeogênese hepática, a partir de substratos, como os aminoácidos musculares e o lactato. A glicose é degradada até lactato pelas células neoplásicas e o lactato é reconvertido em glicose no fígado – Ciclo de Cori. Essa reconversão resulta em um consumo de seis moléculas de ATP (adenosina trifosfato), levando a uma espoliação energética que corrobora com a degradação tecidual e perda de peso e de massa corpórea nesses pacientes.

Metabolismo dos Lipídios

Na caquexia do câncer, a perda de gordura é responsável pela maior parte da perda de peso observada. Essa perda de gordura corporal está relacionada ao aumento da lipólise, associada à diminuição da lipogênese, em conseqüência à queda da lipase lipoprotéica e liberação de fatores tumorais lipolíticos e, ainda, aumento da lipase hormônio-sensível.
A diminuição da lipase lipoprotéica leva à hiperlipidemia. A hipertrigliceridemia, a hipercolesterolemia, o aumento dos ácidos graxos livres, assim como a depleção dos estoques de gordura e diminuição dos níveis de lipase lipoprotéica são fenômenos observados em paciente oncológicos desnutridos com tumores no trato gastrointestinal -TGI.
Pacientes em processo de caquexia excretam na urina o fator mobilizador de lipídios (Lipid Mobilizing Factor- LMF), que age diretamente no tecido adiposo, hidrolisando os triglicerídios a ácidos graxos livres e glicerol, por meio do aumento intracelular do AMPc, de modo análogo aos hormônios lipolíticos, com conseqüente mobilização e utilização dos lipídios.

Metabolismo das Proteínas

As taxas de turnover orgânico total de proteínas, as taxas de síntese e de catabolismo protéico muscular são as alterações metabólicas comumente observadas na caquexia do câncer.
O catabolismo muscular está aumentado para fornecer ao organismo aminoácidos para a gliconeogênese, com subseqüente depleção da massa muscular esquelética. Sob o ponto de vista bioquímico, a perda de proteína corporal está relacionada ao aumento do nível sérico do fator indutor de proteólise (Proteolysis Inducing Factor - PIF), capaz de induzir tanto a degradação como inibir a síntese protéica na musculatura esquelética. O PIF está presente na urina de pacientes caquéticos portadores de tumores GI, mas não em pacientes com pouca perda de peso.

Métodos de diagnóstico e tratamento
As queixas inespecíficas e a ausência de exames laboratoriais específicos tornam o diagnóstico difícil.
A terapia é dirigida ao processo maligno subjacente, com alimentação suplementar, quando apropriado. A administração de altas doses (400 a 800 mg/dia da apresentação líquida) do hormônio progestacional, acetato de megestrol, pode melhorar o apetite numa percentagem significativa de pacientes com câncer.

Atribuições de Enfermagem
· Monitorizar o peso e alterações no balanço hídrico;
· Aprazar mudanças de decúbito
· Monitorizar os sinais vitais
· Avaliação do perfil nutricional do paciente, obtendo dados relativos às preferências, hábitos, horário de refeições, alterações do paladar, etc.
· Orientar/auxiliar na adaptação à dieta hospitalar;
· Avaliar a aceitação alimentar
· Orientação cuidadosa sobre o tratamento e o momento do aparecimento dos efeitos colaterais;
· Manter ambiente confortável, calmo e que favoreça o relaxamento, livre de odores que possam desencadear náuseas/vômitos.
· Manter recipientes coletores para o vômito discretamente próximos ao paciente;


Juliana Sodré.

Nenhum comentário: