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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Leishmania visceral


Histórico e classificação taxonômica (reino, filo, classe, família)
A leishmaniose visceral ou calazar (febre negra, febre dundun) é uma doença grave, atingindo crianças e adultos jovens e, quando não tratada, pode levar à morte 95% dos pacientes. A frase seguinte nos dá uma idéia da gravidade dessa doença, numa área em que se iniciava uma campanha de profilaxia: “Somente assim evitar-se-à a reprodução, no futuro, de casos como o que presenciamos na cidade de Itanhomi, onde de uma família de 8 pessoas, 6 membros tiveram suas vidas ceifadas pelo calazar” (Mayrink, W., 1967).
Como atinge crianças e adultos jovens, apresenta grande importância médica e sócio-econômica nas regiões afetadas.
Classificação taxonômica: Reino: Protista, Filo: Sarcomastigophora, Classe: Zoomastigophora, Família: Trypanosomatidae.

Formas evolutivas infectantes para o homem e para o inseto transmissor
A forma evolutiva infectante para o homem é a promastígota, e a forma evolutiva infectante para o inseto é a amastígota.

Mecanismos de infecção
A fêmea do inseto Lutzomyia longipalpis ingere formas amastígota, estas se transformam em promastígota no ventrículo do inseto, que por divisão binária multiplica-se intensamente, em novo repasto sanguíneo o Lutzomyia inocula as formas promastígota. E ao picar o homem, cão ou raposa os infecta.

Ciclo de vida no homem (resumido)
Em condições favoráveis (para o parasito), no local da picada forma-se uma pápula e, após a multiplicação intensa do parasito, há rompimento das primeiras células parasitadas e invasão de outras próximas. Várias células defensivas sanguíneas e teciduais por fagocitose englobam os parasitos, mas, como estes se multiplicam rapidamente, e a membrana das formas amastígota resiste à ação destruidora dos macrófagos, os parasitos rompem a célula antes que a mesma os destrua. Em seguida, por via hematogênica, os parasitos alcançam o SRE visceral.

Sintomatologia no homem
Os sintomas mais freqüentes que aparecem são febre, hepatoesplenomegalia, ascite, magreza intensa (chegando à caquexia, nos casos mais adiantados), complicações circulatórias e respiratórias. A sintomatologia é devida principalmente às alterações que ocorrem no baço, fígado e medula óssea.

Complicações clínicas
Várias complicações são citadas e as mais freqüentes são as afecções pleuropulmonares, geralmente precedidas de bronquites; complicações intestinais; hemorragias gengivais; traqueobronquites agudas; anemia aguda em fase adiantada da doença, podendo levar o paciente ao óbito.

Diagnóstico parasitológico e imunológico
Diagnóstico clínico, dependendo do quadro do doente e de sua origem, clinicamente pode-se diagnosticar a doença. Entretanto, exames laboratoriais muitas vezes são imprescindíveis para um diagnóstico com certeza.
Diagnóstico laboratorial:
- Pesquisa do parasito: punção da medula óssea external em adultos e crianças; em criancinhas, a área de escolha é a tíbia ou a crista ilíaca. A punção do baço e do fígado apresenta maior número de parasitos, mas há o perigo de causar hemorragia interna. Apesar de alguns autores recomendarem a pesquisa de Leishmania no creme leucocitário, trabalhos realizados em nosso meio não confirmaram esse achado.
Com o material obtido, pode-se fazer esfregaços em lâminas e corar pelo Giemsa, semear em meios de Cultura (NNN) ou inocular intraperitonealmente em hamster.
- Métodos sorológicos: os mais usados são: Reação de Fixação do Complemento (RFC’), de formol-gel (também chamada reação do aldeído ou reação de Napier), reação de Brahmacari e imunofluorescência. A RFC’ apresenta grande sensibilidade, precocidade e especificidade, e por isso é a mais usada. É executada utilizando-se antígeno heterólogo, isto é, antígeno preparado com bacilos-álcool-ácido resistentes; destes, os mais empregados são o bacilo de Koch e o Mycobacterium butiricum. Com antígeno homólogo, isto é, antígeno preparado com culturas de leishmânia, a reação não funciona bem. A reação do formol-gel e a de Brahmacari não são precoces e mostram-se positivas nos casos de malária, esquistossomose, etc., não sendo, pois, específicas. A imunofluorescência é muito sensível e preconizada pelos especialistas, apesar de poder cruzar nos pacientes com leishmaniose tegumentar e doença de Chagas. Ainda não é usada na rotina.

Principais medidas profiláticas
- Em zona endêmica, fazer o levantamento sorológico de todos os cães; eliminar todos os cães positivos e suspeitos; uso de inseticida no domicílio e peridomicílio; tratamento dos casos humanos positivos.

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